quinta-feira, 20 de março de 2014

[Girar sobre o nada]

Cansemos de esconder-nos detrás dos fantasmas
Mesmo que nos revelemos, ninguém importa
Nem está interessado em saber quem somos
Ou como somos

Sinto-me a despedaçar entre as garras do nada
Como protesto ou descuido simplesmente
Esqueço-me de comer porque falta a comida
E a desgraçada vontade do não viver
Apodera-se da pouca vida que há em mim

Angústia,
Chove a angústia no meu estômago
A ânsia de vomitar o nada é estagnada
No nó que prende a vontade de gritar surdamente
Por dentro porque esta não é a vida que escolhi
Nem o destino que tracei

Faço uma retrospectiva,
Tropeço nos falhanços e dos falhanços
Sobra o desespero por não falhar
O que está-se a falhar

Será que alguém percebe o meu pesadelo?
Fica mais um sorriso
Que conta o pesadelo de estar a sorrir
Porque se tivesse que conhecer o teor
Da decomposição que já lá vai a verdade
Nada sobraria deste ser

Ninguém perceberia o quão o dia é louco
Nem o pesadelo de um sorriso
Não,
Não perceberia até que contasse a história

                                           [nada, sem nada]

4 comentários:

  1. Como diz o poeta, meu amigo, "com as pedras que a vida espalhar no meu caminho construirei o meu castelo"...A vida é isso mesmo. ESPERANÇA, mas os versos são bons!
    Abraço,
    Zito

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    1. É verdade, às vezes, e muitas vezes, temos dificuldades em construir com essas pedras. Abraço

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  2. Por vezes parece que caminhamos em círculos fechados, construindo nadas e reforçando a angustia de viver sem realizar alguns dos nossos sonhos, desejos e direitos.
    Cada dia é um presente que Deus nos oferece. Aceitá-lo é uma aventura que nos obriga a estar atentos a todos os acontecimentos à nossa vota.
    Depois quando vier o Amor sejamos simples, abertos e deixemos a vida acontecer.
    Problemas sempre virão. Vencer é um desafio constante.

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    1. Luís,
      Um dia dei comigo a pensar: crescer, às vezes, dói. Amor e simplicidade dissipam certos sofrimentos. Abraço

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