quarta-feira, 14 de maio de 2014

Essas modernices, essas leis


É claro que cometemos erros ao generalizar as coisas. E cometemos sempre. Mas, em geral, notei que as crianças portuguesas são malcriadas, desrespeitam e desobedecem os seus pais. 

Uma vez, em plena rua, assisti a birra de um rapaz, perante a passividade da mãe dele, que fiquei parvo. Dei comigo a pensar: daqui a nada este rapazinho vai bater na mãe dele. Vai, vai com certeza. Se um dia o brio do meu corpo desse para eu deitar no chão e chafurdar como um porco na lama e berrar em plena rua ao pé da minha, tenho a certeza que dali não levantava. Saía dali a voar literalmente. 

Numa outra ocasião assisti coisas do género: "óh mãe, cala-te! Não quero ouvir as tuas conversas, cala-te!" Meu Deus!, a minha mãe dizia sempre: "dia ki nha fidjo pâpia ku mi assi, é ta codji denti na tchon(se o meu filho falar comigo assim um dia, ele vai colher os dentes no chão)". Não era ameaça. E tenho todos os dentes na boca. Mais os chatos dentes do ciso. 

O meu amigo contou-me uma cena que aconteceu entre ele e um colega português. Ele estava a contar que certa vez a mãe dele bateu-lhe em Cabo Verde por ele ter pisado na bola, e o colega todo admirado com uma certa dose de arrogância encapotado, respondeu: "o queeê?! Os meus pais nunca me bateram." E ele respondeu-lhe: "se eu chegasse a casa a fumar como tu fumas, ela não ia só bater-me mas também matar-me." Isto para ilustrar algumas diferenças que existem no mundo. 

Um dia, ao passar por uma escola primária, dei comigo a pensar: "esses miúdos não têm pais?!" Estar um grupo de miúdos de 7 a 10 anos a fumarem o cigarro numa boa levou-me a pensar nisso.

Dito isto, pais que não bateram - estou a referir-me a umas oportunas palmadas na mão ou perna - nos filhos é porque das duas uma: a) não tiveram tempo para estar/criar/educar os seus filhos, o que leva a certas consequências nas suas relações ou b) pariram um sério candidato a destronar a Nossa Senhora de Fátima. Como "todas as vacas foram bezerras" sei como é que as coisas funcionam com as crianças. Há coisas que se não forem cortadas pela raízes levam a torná-los adultos inconsequentes.

Este texto vem a propósito de “Castigos corporais não são permitidos em caso algum”, caso que os jornais portugueses já fizeram pijama e que discordo nalguns pontos. Não defendo a violência na educação - aliás, pais que prezam, não violentam os seus filhos nem dos outros - mas umas palmadas oportunas ou, como a generala aqui ao lado costuma-se dizer, umas vara de marmelo às vezes ajuda. E muito.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Como quase tudo na vida, meu amigo, o problema está na amplitude e não na essência: uma estalada, é uma coisa, uma coça de "lato", é outra...Um copo de tinto ao jantar, dizem que faz bem ao coração, litros dele dão cabo do fígado! Como diziam os romanos, "in medio virtus"!
    Abraço
    Zito Azevedo

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    1. Já dizia o nosso saudoso romancista Manuel Lopes "tudo que é demais transborda".

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