terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Anonimato - Uma pequena reflexão


Nota: Antes de mais, queria deixar bem claro que sou totalmente contra qualquer ofensa ou agressão à integridade de qualquer pessoa quer frontalmente ou sob a forma de anonimato, também abominino qualquer tentativa de silenciar ou limitar as pessoas, principalmente, quando estas expressam as suas ideias.

Esta reflexão sobre o anonimato vem propositadamente depois algumas maltas da nossa “elite” se manifestarem publicamente as suas indignações com as críticas ou insultos dos anónimos. Antes de mais convém percebermos os conceitos de anónimo e pseudónimo e as respectivas diferenças entre elas. Anónimo significa aquele que não assina o que escreve, aquele cujo nome não é conhecido ou que se quer manter desconhecido. A palavra pseudónimo vem do grego antigo(ψευδώνυμος, composto de ψευδο- "pseudo-" e ὄνομα "nome", ou seja, "nome falso"), isto é, pseudónimo é um nome fictício usado por um indivíduo como alternativa ao seu nome legal. Se compararmos estes dois conceitos podemos ver que um pseudónimo pode ser um anónimo mas um anónimo não tem que ser necessariamente um pseudónimo.

Lavrou que historicamente, muitos autores e escritores usaram pseudónimos porque sempre criticaram lideranças políticas em tempos difíceis, como ditaduras militares e que era uma forma de publicar suas obras sem ser preso, torturado ou até morto. Não creio que estas são as razões para haver muitos anonimatos nos nossos jornais online, blogues ou outros panfletos electrónicos por aí em Cabo Verde, ao fim ao cabo, somos um país livre e democrático, vale a pena os sacrifícios que os nossos Heróis Nacionais tiveram para a nossa tal liberdade. Por isso considerei e considero um acto de desrespeito aos caboverdeanos todo aquele, seja ele caboverdeano ou não, que de uma forma ou outra, tentar banalizar o conceito dos Heróis Nacionais. Podemos ter os “nossos Heróis Nacionais”, o que é digno e legítimo de cada um porque os Heróis Nacionais sacrificaram as suas vidas para que todos tenham o direito à liberdade, liberdade essa até para rejeitá-los ou aceitá-los como tais. Isto para dizer que todos têm a liberdade de escolher ser um anónimo ou pseudónimo para expressar a sua ideia ou dar a sua opinião. O que não acho bem é o uso e abuso desta liberdade para provocar e injúrias, calúnias ou cometer algum crime contra o carácter das pessoas. Todos têm a liberdade de opinar, achar, dizer, dar e mandar indirectas, fazer “peixaria na praça pública” ou algo do género. O que se deve é ser um cidadão consciente e responsável nos seus actos. Se todos temos a liberdade e "humildade" de vir a praça pública expor as nossas ideias temos que ter em mente que nem sempre as nossas ideias será bem digerida do outro lado. Por isso com uma certa indignação(minha liberdade) assisti cenas em que “figuras públicas” andam a perseguir ou a pedir censura aos anónimos, isto também é liberdade deles por isso respeito. Não consigo entender esta mania caboverdeana do “corriculândia”, isto é, se não foste à nenhuma faculdade ou se não apresentares nenhuma diploma, não tens direito à opinião ou criticar certas posições. Se não apresentares o teu curriculum não podes ter o luxo de estar por aí a dizer que o trabalho do Senhor Doutor não presta ou que ele não adequa à sociedade. Se criticares, querem saber logo quem és, o quê que estudaste e onde estás! O quê que isso tem a ver com o debate? Será que os não pertencentes à “curriculândia” não têm direito à palavra ou a liberdade de ser um anónimo ou escolher um pseudónimo? Só os do "curriculândia" têm o direito à palavra e respeito? O assunto merece atenção de todos porque alguém testemunhou o seguinte: "Orgulhosamente Anónimo Porque Senão Perco o Meu Emprego", isto num país de democracia e liberdade. Alguém perguntou: Porque tiraram a opção anónimo das comunidade? Outra pessoa disse: “Sou proprietária de varias comunidades com enfoques diferentes. Uma delas é de um grupo de amigas, do mundo inteiro, que nessa época do ano fazem o amigo secreto. Começa a postagem anónima para a brincadeira ficar muuuuito legal e agora? O q eu faço.O amigo secreto foi distribuido e só depois q eu vi,que não temos mais a opção "Anónimo" para liberar as postagens”.

Isto para dizer que o anónimo não é sinónimo de afronta às integridades das elites ou “pseudo-elites” no mundo ou em Cabo Verde. No mundo virtual é necessário anónimos, ninguém sabe se um Pedro Miguel ou a Joana Silva que está do outro lado a comentar, é um nome ou pseudónimo, nem se é real. Quando criticamos ou opinamos, dando a cara ou não, temos que estar ciente que vamos ser criticados por pessoas com ou “sem cara”, isto é a virtualidade, o mundo da net.
É claro que aqui as coisas são diferentes porque um objecto pode ter milhares de imagem à luz visível, se queremos criar um espaço para os amigos, convidados e famílias, podemos criar, mesmo assim duvido que todos vão concordar com as nossas ideias ou ter exactamente as mesmas opiniões, ali podemos censurar como bem entendemos e ninguém é obrigado a estar ali para ser censurado ou não. O que não aceito e que nunca vou aceitar é pedir que outros censurem aos anónimos e os não pertencentes ao “curriculândia” num jornal, site ou panfleto dirigido ao público em geral, mesmo assim pode-se usar um pseudónimo ou falsificar um email. Não é por se dar a cara ou apresentar um curriculum que uma opinião vai melhor ou mais válida do que outra. Esta afronta à liberdade presenciei com as propagandas do ALUPEC, eleições presedencias, comentários às notícias políticas e outras, não é uma voz mas sim várias vozes que pediram curriculum, BI, passaporte ou censura aos anónimos. É claro que é necessário moderar os comentários, lá porque tenho a minha liberdade não posso estar a condicionar a liberdade dos outros.

Conclusão: Os anónimos e os peseudónimos têm que existir sempre por boas ou por más razões, independentemente das razões, não se deve censura-los. Os conteúdos das mensagens podem e devem ser moderadas(p.e YouTube faz moderações dos conteúdos pornográficos), lá porque é um anónimo ou pseudónimo que não apresentou o seu curriculum, não faz com que a sua mensagem tenha maior ou menor validade mas também não lhe dá o direito de condicionar os outros só porque é livre.

Imagem: Ravennatis Anonymi Cosmographia

Algumas fontes consultadas:
Arkeotavira, Wikipedia, google, Bombeirosparasempre

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