quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gripe (I)

Depois do almoço fui para a biblioteca ler uns artigos, dei uma olhadela nos jornais online, não pude deixar de reparar num editorial desaforrado do Liberal sobre o "ser jornalista" em que muitos usam o diploma como braquete e a "legítima defesa" do Mário Matos.

Nada de especial até que o meu telefone começou a vibrar. Lá está, fui para a escada para não ter que ser expulso outra vez da biblioteca, era a minha namorada! Fiquei satisfeito, só por ela ter mudado de humor comigo, era motivo suficiente para lidar com as dores de cabeça e do corpo. Pedi-lhe a ajuda, ela entende dos sintomas e outros males que as pessoas adoram queixar, principalmente, depois de uma certa idade, nem sequer deu atenção às minhas queixas, se calhar por ser um "namorado desnaturado(expressão dela)" ou não levar muito a sério, brincando ao dizer que só os relógios trabalham grátis. Estava muito contente por ela estar bem disposta!

A biblioteca começou a ficar vazio gradualmentente à medida que se aproximava das 19:30, hora que fecha a biblioteca. Entre os que saíram, estava eu como uma planta murchada. Estava com a cara como um burro com febre. Tomei um chá de limão, como não tinha Cêgripe, fui descansar um pouco ouvindo a rádio M80.

Dormi e comecei a sonhar, a única coisa boa de estar com gripe! Dei comigo em Cabo Verde, na aldeia da Baía, a falar com o meu sobrinho Yuri e o Hélder, preparando a vara para pescar como nos velhos tempos, íamos fazer uma piquenique.

As mulheres e as crianças estavam com o arroz, batata, mandioca e os temperos ao caminho da Laja do Padre. Nós, os rapazes, começámos a pescar bodião em Ponta Inglês. Tirei do balde da isca uma manxorca(um tipo de caranguejo) onde, automaticamente, tirei a carapaça e deitei na água. Seguidamente, arranquei-lhe uma perna e coloque no anzol que, seguindo a indicação do chumbo, começou a mergulhar na água espumosa de tanto bater na rocha. Cerca de quarenta e cinco segundos depois, senti o rabo da minha vara de bambu a cutucar o meu cotovelo duas vezes, seguido do abaixamento em força do outro extremo da vara. Quando segurei com a força, cravando-lhe o anzol na boca, dei-lhe uma folga para esforçar não esforçar vara e quebra-lo em dois pedaços.

Em trinta segundos de dança esquerda-direita-e-direita-esquerda, comecei a imergir da água uma besta bodião preta que começou a fazer cocó. Numa astúcia de um pescador-de-pedra experiente, segurei a linha vendo a minha cara satisfeita de estar com aquele enorme peixe na mão. (Continua...)

Sem comentários:

Enviar um comentário