Através de um amigo e colega, Décio(um grande abraço bro!), descobri um poeta cabo-verdiano desconhecido dos midias. Poeta este é o Cândido Carvalho. Ainda não tive tempo de ler a obra completa mas, dos onze poemas que já li, ficou a ideia de um poeta cabo-verdiano, convicto de uma vida intensa com as diferentes solavancos que dela provêm, entre eles, "o amar-te em banho-maria".
Como já li algures numa crítica sociológica, temos ou não temos o poetas e não se pode ter um poeta mais do que outro. Creio que, seguramente, estamos perante um poeta cabo-verdiano, Cândido Carvalho.
Fica aqui registado o terceiro poema, Razão, do livro "Expressão de um crioulo" da edição do Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, de Fevereiro de 2004, página 13.
Razão
E rir da Razão e sua vilania.
Prevaricar à última ceia.
Nascer, crescer e viver por teimosia.
Amor destilado em ódio.
Alegria na gaiola dos proto-pássaros.
Até o amar-te em banho-maria.
Democracia em linha ditadura.
Olhos que medram caminhos.
E a fruta seja ela proibida.
Sofrer como uma negação.
Sendo este sol ambiguidade.
Ou solfejo idiota, quase melodia.
E o homem poder ser poesia.
Fingir a dor do Poeta.
Expulso ulterior do Paraíso.