sábado, 11 de agosto de 2012

Calabouço do silêncio II

Um dia quis ser o aterro.
O aterro sente e consome o podre
Mas tem a capacidade de saturação
E o tempo útil de vida.

Mas, uma vez mais remeti-me ao silêncio
Que não foi escutado mesmo falado,
E enclausurei-me no quadrado do quarto
A ver o tecto branco e lindo
Como as flores do meu funeral
Enquanto o meu esquelético corpo jazz na cama,
Tentando uma resposta
Nas vozes que falam sem parar.

Parece que do outro lado
Está sentado um Diabo a rir-se de mim,
A rir dos amargos e das tripas plásticas;
Um diabo sadomasoquista, bipolar e infeliz
Mas é ele o meu amigo e companheiro do silêncio.

Não consigo!
Desço da cama e encosto num canto da parede,
Tapo os ouvidos e fecho os olhos
Para não ouvir o seu barulho nem a sua cara.
Mas oiço, oiço as vozes a falar e a rir-se de mim.

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