sexta-feira, 26 de abril de 2013

É mesmo estrutural?


É sempre ingrato estar a falar dos outros e, sinceramente, ultimamente prefiro falar com "os outros" do que falar deles. Hoje vou falar um pouco sobre o que vejo, penso e analiso da Guiné-Bissau(GB).

Se é preocupante saber que na GB nenhum presidente eleito terminou o seu mandato, o que mais me preocupa é saber que há uma boa parte dos bissau-guineenses(felizmente a minoria!) que por alguma razão não vê as urnas como um lugar propício para penalizar os partidos e responsáveis políticos mas sim os militares. Há uma certa confusão entre os poderes institucionais e, pelo que parece é um problema que veio da luta armada, os militares não sabem qual é o papel que desempenham: um político, um presidente, um militar, um director, um professor ou um simples "eu é que mando nesta merda toda". Pior, penso que na GB os políticos é que são responsáveis pela confusão dos militares, aliás, na última instância, PAIGC é o responsável pela confusão toda que se vive aí.

O historiador guineense, Dr Julião Sousa, disse numa conferência que o problema da GB não é a classe castrense ou política mas sim estrutural, ou seja, mude o que mudar, se não for mudada a estrutura do funcionamento do Estado, teremos os mesmos problemas. Muito sinceramente, estou inclinado nesta tese. Porquê que inclino nesta tese? Vejamos:

 a) Amílcar Cabral e Combatente da Liberdade e da Pátria ainda vendem muito e, para a minha decepção, até o Domingos Simões Pereira*, que parecia ter o perfil adequado para mexer a panela e trazer novos sabores, está a vendê-los. Não quero desvalorizar o Amílcar Cabral e o Combatente da Liberdade e da Pátria, muito pelo contrário, reconhecer que hoje em dia esses dois factores são ultrapassados e que a resposta que GB precisa neste momento é dado com os bissau-guineenses de actualidade, é enaltecer a obra deles feita. A GB não é a pátria de Cabral nem dos combatentes mortos na luta mas sim dos guieneenses vivinhos da silva e dos outros que nascerão;

 b) A bandeira, o hino e o PAIGC em si, já nem se fala. Acho que não sou a pessoa adequada para sugerir essas mudanças. 
Aqui quero salientar uma falácia que está a agudizar com a prisão do Bubu Na Tchuto -- não se sabe exactamente se foi na GB, em Cabo Verde ou nas águas internacionais, sendo que o Governo de CV está a cagar na opinião pública e no esclarecimento dessas informações --  e que sempre ficou na minha sensação nalgumas palestras promovidas pelos guineenses e que assisti: a Guiné-Bissau não libertou, sublinho, não libertou Cabo Verde. 

 c) Querendo ou não, Cabo Verde, Angola, Portugal e toda a CPLP, estão ligados à GB. Dar sucessões de golpes, inventar um novo "Governo de Transição" e esperar que esse governo tenha uma boa relação com esses países ou que deve ser incluído "para o bem e para o mal" é não ter a cultura democrática.

[imagem: Progresso Nacional]; * O fundo atrás de DSP na fotografia explica melhor o que quis dizer.

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