quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Fenómeno Zé Espanhol: uma pequena análise II


A bazofiaria cabo-verdiana

Continuando o primeiro texto, todos sabemos que o cabo-verdiano é um ser bazofeiro. E muito! Eu diria mesmo que, a par dos angolanos, somos os campeões dentro da CPLP. Agora vejamos:

Quem não presenciou os show-offs dos imigrantes ka ta koka em Cabo Verde que por ventura limpam kokas aqui no estrangeiro? (Ser imigrante, se não estou em erro, até há bem pouco tempo era - ou ainda é? - um estatuto social. Ami hora ki nda grandi nkre nbarka - era e é desejo ainda de muitos). E quem não tem/teve um amigo pilon di bazofo, swag, yow, xármi, thug, nice, raskon, campion e por aí fora ao longo da vida ou no Facebook?

Essas constatações não têm nada a ver com a moda, questionar o estatuto ou modo de vida de cada um. É apenas para dizer que a esmagadora maioria de cabo-verdianos valoriza o ter, a pose, o dar nas vistas, o mostrar e o sentir-se superior, mesmo que tudo isso não tenha a mínima base de sustentação.

Dito isto, Zé Espanhol, consciente ou inconscientemente, soube e bem capitalizar essa parte da alma crioula. Não sei se repararam os títulos dos álbuns dele e os videoclips. Aliás, tenho certas dúvidas se as músicas dele fariam tanto sucessos sem os tais DVD's. São qualquer coisa como Ben Pa Moda, Sta Na Moda, num cenário bem ornamentado com o "imigrante apaixonado e feliz" e as "miúdas-leggings" roliças a rodopiarem electricamente - não importa se o Zé chora, canta, ou geme, o que importa é o beat do dekananá - num gesto que roça a pornografia.

Mural da história: Zé Espanhol soube canalizar para os CD's e DVD's dele a bazofiaria que existe na nossa sociedade.

Obs: Recomendo, para quem tiver paladar, uma leitura deste videoclip.

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