quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sobre o novo Estatuto dos Titulares Cargos Políticos II

Eu diria que a sorte da nossa classe política é o facto de sermos uma nação arquipelágica, o que não contribui para uma maior concentração das pessoas e troca de ideias para uma maior reivindicação. Caso contrário, este governo do Zemas estava KO! Agora há coisas a esclarecer e que são necessárias: 

 a) não precisamos que o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, nos venha tranquilizar de um suposto incêndio que ainda está bem longe desta floresta crioula. Sem mais nenhuma treta, ele só tem uma única opção que é vetar aquele vergonhoso diploma e dar oportunidade ao Parlamento de ser dos cabo-verdianos;

 b) a hipótese muito mais remota é a promulgação do diploma, o que também seria proporcionalmente à hipótese do Jorge Carlos Fonseca se reeleger. Não é questão de chantagem, é questão de leitura da ansiedade da população e o David Hopffer Almada nunca esteve a dormir - teria uma oportunidade de ouro que certamente não ia desperdiçar. Para mim, a questão não está essencialmente no veto ou não mas sim no argumento que ele vai usar uma qualquer das opções. E estarei atento a isso;
  
 c) a equação é simples: o eleitor = o elegido. Ou o elegido acata e respeita a posição do eleitor e para o qual ele foi eleito, ou haverá a perda de confiança entre eles e o elegido deixará de ser o legítimo representante do eleitor. Um desentendimento total levaria à revolução com consequências imprevisíveis. Isto serve para o PAICV, MpD, UCID e o Presidente da República;

 d) ainda bem que a teta da vaca do Estado não chega e nem chegarão a todos porque caso contrário jamais teríamos a MAC #114. Nada contra, ainda há muita mágoa "daquele que ajudou o partido no terreno a vencer as eleições de 2006 e 2011". Não me interessa como e nem de onde ele veio, interessa-me que se faça algo para a melhoria na gestão de um Cabo Verde que está a ficar não para os cabo-verdianos mas sim para os que podem;

 e) é engraçado ver como é que esses filhos da boa gente se escondem e fogem do que há poucos dias defendiam com unhas e dentes. Janira sempre soube jogar na sombra mas já não convence nem os seus generais, Ulisses levou com alguns estilhaços, Zemas não sei se teremos saudades dele algum dia - Carlos Veiga nunca mais foi perdoado! - e Zona está com a batata quente na mão.

Em jeito de conclusão, hoje já não se pode fazer política em Cabo Verde, ignorando uma grande quantidade de jovens escolarizados, frustrados e preparados para questionar quem os dirige. E as coisas estão a ficar lindas. Cabe aos partidos aceitarem que hoje os jovens já não querem só os ossos para chuparem, mesmo que a necessidades os façam vender votos, também estão a querer carnes para degustar e em proporção cada vez maior.

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