Por norma, não gosto de comemorar o Dia de África - embora já participei em inúmeras actividades para comemorar esse dia e quase sempre saí desiludido - ou, ao menos, não comemorá-lo nos moldes como aqui é posto cá fora. Ontem, a missa na Igreja da Areosa foi fantástica, claro, ignorando certos clichés.
Basta darmos um salto ao Facebook para perceber como as actividades, com conivência de uma boa camada dos africanos, estão configuradas. Entendo e, como estamos em plena crise, não condeno a dona X ou a tia Y que quer vender o seu "produto" africano. Isto faz-me lembrar o historiador Joseph Ki-Zerbo:
"... África deve constituir-se da integração, porque de momento ela não existe verdadeiramente. É pelo seu 'ser' que a África poderá realmente aceder a tê-la. A um ter autêntico; não a um ter da esmola, da mendicidade. Trata-se do problema da identidade e do papel a desempenhar no mundo. Sem identidade, somos um objecto da história, um instrumento usado pelos outros: um utensílio."
Isto para dizer que continuamos a ser moldados como uma plasticina por outras culturas.