Estou sozinho no quarto a pensar no que passou, nos momentos que vivemos juntos e felizes conversando sobre temas diversos, até das tretas. Não pude conter as lágrimas a correr no meu pensamento, lembrando a minha aldeia lá no interior da ilha do Santiago, onde corria atrás dos gafanhotos, pastar os animais ou simplesmente sentado na terra "bufa-bufa" cortando as latas do azeite ou da banha de perdigão para fazer os carros. O quarto abafado por esta música melancólica que misturado com cada gota da chuva a bater no telhado lá fora parece uma lanceta a picar o meu fígado, que não sara nem misturado com o barro das paredes velhas da casa da minha avó ao luz do sol que dá cabo das culturas no fundo do vale da Baía.
A calma da Cidade Invicta faz desabrochar de mim, aqui e agora um beijo de saudade, misturado nestas angústias e solidão, esquivando entre os túneis onde estão os mendigos a descansar e roubando a sensualidade das prostitutas na Praça do Marques ou na Rua de Santa Catarina para deitar de mansinho no Rio Douro e despertar lá no porto da minha aldeia. Em forma de maresia, emana, acaricia e deleita o cume da saudade do meu povo.
Imagem
A calma da Cidade Invicta faz desabrochar de mim, aqui e agora um beijo de saudade, misturado nestas angústias e solidão, esquivando entre os túneis onde estão os mendigos a descansar e roubando a sensualidade das prostitutas na Praça do Marques ou na Rua de Santa Catarina para deitar de mansinho no Rio Douro e despertar lá no porto da minha aldeia. Em forma de maresia, emana, acaricia e deleita o cume da saudade do meu povo.
Imagem
Nada como beijar a pessoa amada com um poema....
ResponderEliminarFizeste-me viajar à minha infância/juventude. Só faltou o prego que solda as latas e as rodas de chinelos ou tampas de botijas de gás.
Olá Marco!
ResponderEliminarDá para ver que viveste estas maravilhas na infância, por falar em chinelos, lembro-me de levar muitos para a escola dentro da minha "bolsa de ADEGA", escondido entre os livros e cadernos para poder cortar nos intervalos;)
Abraço
As minhas efusivas saudações pela beleza estética, literária e sensorial deste texto...
ResponderEliminarObrigado por partilhá-lo connosco!
Caro Zito,
ResponderEliminarObrigado, um forte abraço!