sábado, 3 de julho de 2010

O complexo do Jornal FORCV


Mayra Andrade está a ser alvo de zombarias - vão ter a oportunidade de perceber como muitos são tão pequenos mentalmente -, só porque ela falou o Português Brasileiro numa entrevista com uma repórter brasileira. O Jornal FORCV escreveu: Veja Mayra "Brasileira" Andrade a Falar de Cabo Verde e África. Muitos aproveitaram a oportunidade para vomitar o seu bairrismo, coisa que não suporto em caboverdeanos, pacientemente, escrevi o seguinte:

Sem concordar ou discordar com o sotaque da Mayra, acho muita maldade em "Veja Mayra "Brasileira" Andrade a Falar de Cabo Verde e África", a abordagem poderia ser feita diferente.
Para aqueles que querem zombar dos Badios com as suas conjecturas e a perda de identidade, só tenho a lhes dizer o seguinte:

- Quem anda a cantar para o mundo inteiro que "Soncent é um brasilin"?
- Quem viu a reportagem da TVI "No País da Morabeza"? Viram quem está com falta de identidade?
- Sabem quem passa a vida a discutir a sua costela europeia e se lhe dissesse que é africano, ele vai matar-te?
Epah, Mayra pode até imitar o brasileiro, isso é pessoal, mas ela não anda a cantar que Santiago é um "Lisboalin" nem que Santo Antão é um "Rio de Janeirin". Não vamos por aí com essas conjecturas, se querem criticar a postura da Mayra ou Zemas, critiquem a vontade mas não generalizem com certos bairrismos de meia tigela.

Paz irmãos!

Reacção do Jornal FORCV:
mrvardaz: acho muita maldade em "Veja Mayra "Brasileira" Andrade a Falar de Cabo Verde e África", a abordagem poderia ser feita diferente.

"Não há nenhuma maldade com o título em questão. Eu pessoalmente sou um grande admirador da Mayra e seu talento, o que não segnifica que não devo fazer crítica a ela quando achar necessário. O objectivo do título e do artigo foi satirizar a uso desnecessário do sotaque brasileiro, , na minha opinião, por Mayra que fala o português “cabo-verdiano” fluentemente sem desrespeito pela opinião contrária.

Nós, cabo-verdianos(nas), ainda somos um povo que leva tudo a nível pessoal e reagimos muito negativamente a qualquer tipo de crítica. No entanto, já é hora de amadurecermos e agirmos como adultos. A crítica impulsional o desenvolvimento e aperfeiçoamento social e pessoal. Se dêmos um pulo para país de deselvolvimento médio, devemos também dar um pulo na nossa mentalidade e deixarmos de agir como se estivessemos no século passado onde ninguém podia criticar ninguém. Crítica ou sátira é salutar em Democracisa que alias não funcionariam sem esses elementos. É nesta perspective que a FORCV posiciona com um dos promotores do espírito critico entre os cabo-verdianos. Quem não aguenta o calor do fogo, que saia da cozinha."

Obviamente respondi:

Caro Editor da FORCV,

Não me interessa a tua admiração pela Mayra, pelos vistos objectivo foi satirizar mas percebes pouco ou nada da sátira, caso contrário, perceberias que a palavra "maldade" que usei também significa "travessura".

Quanto ao "Nós, cabo-verdianos(nas)(...)que saia da cozinha". Dá para ver que encaixa perfeitamente na tua pessoa, pessoalmente, não entro nesta tua conjectura.

Por último, felizmente este universo tem várias cozinhas, com certeza, a partir de agora, saberei escolher melhor entre "fogon di pedra ku Fogon eléctrico". Espero não haver necessidades de voltar a suportar esta temperatura para cozer o português.

Paz!

Tem muita piada o Jornal FORCV vir dizer-me coisas como "leva tudo a nível pessoal e reagimos muito negativamente a qualquer tipo de crítica", "já é hora de amadurecermos e agirmos como adultos", "a crítica impulsiona o desenvolvimento e aperfeiçoamento social e pessoal", "ar um pulo na nossa mentalidade e deixarmos de agir como se estivessemos no século passado onde ninguém podia criticar ninguém", "crítica ou sátira é salutar em Democracia que alias não funcionariam sem esses elementos" e ao mesmo tempo vem dizer-me "quem não aguenta o calor do fogo, que saia da cozinha".

Se calhar aqueles que provaram a lei que exige Licenciatura para exercer o jornalismo têm a razão porque eu não conheço a Mayra(onde está algo pessoal?), reagi porque não gostei do título, o Jornal FORCV vem falar da democracia, crítica, amadurecimento dizendo que quem não aguenta o calor do fogo que saia da cozinha? Quer o Jornal FORCV impor uma maneira dos cabo-verdianos falarem o português ou de criticar?
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8 comentários:

  1. Se há assunto com o qual eu não perco o meu tempo é com o bairrismo. É coisa de gente burra.

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  2. Caro Amílcar,

    Eu tento conter mas irrita-me esta atitude dos caboverdeanos.

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  3. Ela estava a ser entrevistada por uma equipa BRASILEIRA. Isso é hipocrisia! Se ela resolvesse falar português português, então o título seria Mayra "Portuguesa" Andrade...

    Já agora, onde é que eu posso aprender português "caboverdiano"? Parece uma língua interessante, nunca ouvi falar dela!

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  4. Acho estranho que a Mayra tenha optado por “imitar” uma variante do Português falado no Brasil, em vez de falar o "Português Europeu" que supostamente aprendeu nas Escolas de Cabo Verde, que é também Português. Nesta entrevista a Mayra apenas imitou brasileiro no aspecto fonético (com variações). Kabuverdji, franceis, konpletamentxi… mas diz “dialeto” em vez de dzialeto… Será que ela tinha necessidade de misturar o seu PE que sabe falar com um modo pessoal de “imitar” brasileiro? Com que intencionalidade? Bem, se ouvirmos bem a entrevista, a Mayra apenas imita a pronúncia brasileira de algumas palavras, a sintaxe é do PE.
    O que devemos tomar nota é de que um estrangeiro fala a variedade do português que lhe for ensinado (norma Brasileira ou norma europeia). Por exemplo, se um chinês aprender o PB, fala o PB. Se um grego aprender o PE, fala o PE. Em todos os domínios da gramática.
    O Cabo-verdiano fala o PE porque na escola é lhe “ensinado a falar” a variante do Português Europeu, como norma. Quando é que todos os caboverdianos entendem isso: em Cabo Verde, a língua que FALAMOS entre nós é o crioulo e suas variedades-variantes.Isto dentro e fora de Cabo Verde.

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  5. Nox Lilin,

    O que me intrigou mais foi as pessoas verem nisto a oportunidade de expressar o seu bairrismo.

    Eu suspendo o acto de afirmar a verdade quanto à forma que qualquer cabo-verdiano fala o português e é muita maldade insultar os outros só porque achamos que ele devia fazer isto ou mais aquilo.

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  6. Anónimo 3 de Julho de 2010 23:41,

    Eu, por exemplo, não estranho quando Carlos Veiga fala Soncent com os potenciais eleitores, apesar de ser casos diferentes. Respeito as opiniões dos outros mas esta de insultar os outros porque optou por coisas diferentes do que esperávamos, não alinho.

    O resto é deixar o mundo a rodar. Também já estranhei caboverdeanos a falarem português com os seus filhos, hoje em dia não estranho esta atitude.

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  7. Permita-me dizer-lhe MRVADAZ, em jeito de comentário do comentário, Carlos Veiga, segundo consta da sua Biografia, passou grande parte da sua infância em S. Vicente. Idade ideal para aprender Línguas. Portanto, é natural que seja um falante bi-dialectal. E parece que fala e bem dois dialectos (ST e SV). Veiga não imita o mindelense como faz o JMN,(assim como a "Mayra Brasileira") desnecessariamente. Está a ver o Dr. JMN a fazer o mesmo no Fogo,por exemplo, seria só "rabendação". Na Kriolu rabenda algen e mesmu ki faze txakota. Tem razão, nesta coisa da Língua devemos deixar "rodar livremente", mas dentro de certos limites: de - normativo a + normativo.

    Nox Lilin, embora a pergunta seja de retórica, respondo-lhe:- aprende-se a falar português caboverdiano nas escolas de Cabo Verde com professores caboverdianos de Português.
    Mais: Acabei de er no Liberal um texto de Napoleão de Andrade que é uma verdadeira transcrição do português falado em Cabo Verde. Bai djobe-l!

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  8. Nos Lilin, o falar português caboverdiano está no seu comentário. Como é, por exemplo, a falta de concordâcia de género. É assim... que se apanha um Comentador caboverdiano na net. Sem preconceitos Linguísticos.

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