domingo, 1 de maio de 2011

Burocracia à portuguesa


Acreditem no que estou a escrever, sete meses depois de ter dado entrada dos meus documentos no Serviço de Estrangeiros e Fronteira(SEF) de Portugal para a renovação de residência, na Direcção Regional do Norte, não tive uma única resposta acerca do processo, ou melhor, os funcionários dizem que o processo está pendente à espera da resposta do chefe, ou seja, do excelentíssimo senhor director da Direcção Regional do Norte.

Os funcionários limitam-se a carimbar-me o recibo com mais 60 dias de validade( la vai 4 carimbos!), esquecendo que, além de ser estrangeiro(persona non grata com esta crise), tenho uma vida pessoal, social e universitária e que sem o título de residência, estou condenado a ter toda a minha vida condicionada aqui em Portugal. Estou a viver 7 meses em Portugal legal por via de um recibo que na prática, exceptuando algumas situações, não vale nada e é exactamente como se eu estivesse ilegal por incompetência, falta de informação, burocracia ou xenofobia de alguns funcionários das instituições que não aceitam o tal recibo como o substituto da residência.

Desculpem a minha franqueza ou exagero, o cume da hipocrisia perpetuado pelo conceito da CPLP ou PALOP existente entre Portugal e a sua ex-colónias, no caso concreto de Cabo Verde, é visto e sentido por dentro tanto aqui como .
Somos tratados aqui como saco de pancadas, à ponta pé. Além das injúrias na Embaixada de Portugal em Cabo Verde para conseguir um visto de estudo, ao chegar , somos discriminados de pé à cabeça, muitas vezes pelas instituições do Estado Português, estou a falar do SEF, Juntas de Freguesias, SASUP, Caixa Geral de Deposito etc.

Agora pergunto, com respeito a muitos bons portugueses que não merecem e nem têm conhecimento de muitos casos, na maioria estúpidos, qual deles, alguma vez foi:
  1. Pedir visto para entrar em Cabo Verde;
  2. Injuriado por algum funcionário público por ser branco;
  3. Negado acesso à uma residência por causa da sua cor ou ver o mesmo documento com preços diferentes por se destinar a instituição diferente em Cabo Verde etc.
Podia estar aqui a dar n exemplos dos nossos sofrimentos, muitas vezes sofridos por própria culpa(somos estudantes universitários irmãos, devemos propor e arranjar soluções!) ou culpa dos nossos representantes na Diáspora que pouco ou nada se importa com os nossos problemas porque, ao fim ao cabo, os filhos dos diplomatas têm condições de residência excepcional.

O mundo é mesmo bemba, a lei além de estar de lado dos mais fortes, é nisso que ter representantes com altos desvios da população!
imagem

3 comentários:

  1. Meu amigo:
    Há um ano entreguei os documentos necessários para a renovação da carta de condução...Há 12 meses que conduzo acompanhado de um papel que já tem 5 carimbos e diz substuir a carta que me deveria ter sido remetida pelos CTT no prazo de dois meses...Rcebi, ontém, uma carta do IMTT informando que a foto por mim remetida era de má qualidade e não permitia uma boa digitalização, pelo que deveria substituí-la até 21 de Maio...E estou no meu país e nem sequer sou de pele escura: sou apenas um dos muitos milhares aparanhados nas teias da "burrocracia"...
    Aconselho-o a recorrer a todos os meios ao seu alcance para colocar cobro aos tratamedntos discriminatórios de que vem sendo alvo...Ofereço-lhe a minha solidariedade e a certeza de que, como a maioria dos meus compatriotas, não sou xenófobo, neo-colonialista ou racista - uma parte importante dos meus amigos nem sequer é branca...

    ResponderEliminar
  2. Caro Zito,

    Antes de mais muito obrigado! Certamente compreendes a minha posição, no seu caso, apesar dos papeladas, ninguém lhe cobra o facto de ser estrangeiro. No meu caso, depende da formação e informação(maioria desinformada acerca deste caso!) dos funcionários, ou seja, muitos deles não aceitam esse recibo nas instituições, eis o drama!

    Já socorri aos meios que estiveram ao meu alcance até que já me conformei com a minha posição de "não nacional", só para citar um exemplo, a SASUP da Universidade do Porto não aceitou a minha candidatura à residência estudantil por não ser nacional mas aceita os alunos que falam inglês por existir blocos nas residências universitária destinados aos alunos erasmus. Se assim for, podiam reservar blocos para PALOP e CPLP também.

    Felizmente a maioria dos portugueses são gente boa e não compactuam com muitos burocratas engravatados atrás dos balcões e que nos lixem a vida. Repito, muitos casos sofremos por culpa própria.

    Abc

    ResponderEliminar