segunda-feira, 16 de março de 2015

Alguma confissão


"Tudo o que ontem era o meu pesadelo, hoje é a realidade", frase vista algures no perfil do Facebook de um sobrinho meu. Não era para tanto, identifiquei-me com a frase, ou, melhor ainda, vi na referida frase uma boa parte da minha realidade.

Quem é um assíduo frequentador deste espaço sabe que o que caracteriza-o é um simples olhar crítico, à "manda bocas", nem sempre autocrítica; também sabe que ao longo do tempo houve muita flexibilidade, principalmente na linguagem que já não é assim tão ácida. Essas mudanças aconteceram por causa de dois acontecimentos: fui e sou pai desde 2012 e, em 2013, a filosofia Ubuntu, através da Academia Ubuntu.

Ao longo destes tempos, aprendi a conviver melhor com as minhas desgraças e fracassos porque aconteceram tudo ou quase tudo o que nem nos piores dos pesadelos gostaria que acontecesse. O mais estranho, e o que me tornou num "ferro-curado", é que, dum pesadelo em que ia acabar no underground, acabei bem no planície. Mas cheio de cicatrizes para pagar a minha culpa ou corrigir-me dos erros voluntários e involuntários.

No fundo, percebi que, quando encontro uma oportunidade de rir-me dos outros ou de ser um implacável juiz moral dos outros, devo ter pena da minha miséria humana. Aprendi também que devo encarar o "mandar bocas" mais num sentido de "mostrar bons exemplos" do que realçar os maus. Nada disso significa que devo deixar de mandar bocas sobre as merdas - sim, devo sempre chamar o boi pelo próprio nome quando for isso necessário - que acontecem no dia-a-dia aqui em Portugal ou em Cabo Verde.

A maior lição de todos é que aprendi a enxergar melhor as merdas que há em mim. E não são poucas. Reforço que são muitas e nem sempre sei organizá-las da melhor maneira.

Lidar com as merdas todas é uma aprendizagem. Aprendizagem apenas. Não é propalar aqui e nas outras redes sociais "eu sou maduro e humilde", está nas respostas que damos às situações, principalmente àquelas que não nos são favoráveis; está nas atitudes e respostas positivas que damos às situações desfavoráveis quando à essas situações as atitudes e respostas deviam ser negativas, mesmo contra as nossas vontades.

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