sexta-feira, 31 de outubro de 2014

10h no trabalho e 10h de trabalho

Uma das coisas que me irrita muito é ir a um serviço de atendimento, seja ele qual for, e encontrar o funcionário a tratar de coisas que não tem nada a ver com o trabalho dele. É chato e irritante! Há muita gente no desemprego e muitos empregados que não querem trabalhar por aí.

Alguém tem noção de como é a vida numa obra aqui? Dos encarregados dos encarregados, sobra ainda mais um encarregado - este último, normalmente, um preto mais arregalados e um experimentado do sistema - que, por sua vez, explora o seu compatriota. É caso para dizer que "em terra onde todos estão amarrados, quem está com uma mão solta é um rei".

Eles conhecem o sistema, a engenharia para o fintar, a Segurança Social e a Autoridade Tributária; sabem sobretudo que eles estão ilegais ou que o visto deles não lhes permitem trabalhar. E viva o SEF, as autoridades de fiscalização e essa gente toda sem escrúpulo!

Como é que muita gente não prefere o tráfico? Ainda perguntam porquê que há muitos reclusos imigrantes e/ou escumalha? Querem mesmo saber? Ok, respondo: são eles os mais rejeitados e explorados.

O título veio a propósito de uma conversa que tive com um amigo que trabalha na obra e que anda a queixar as dores nas costas. Um colega dele, depois de um dia inteiro a trabalhar com a massa, ou melhor alcatrão, na asfaltagem da auto-estrada, virou para ele e disse:
- Nós aqui fazemos dez horas no trabalho e dez horas de trabalho. As pessoas no serviço público fazem dez horas no trabalho e quatro horas de trabalho.

É claro que há excepções mas estou tendencialmente a concordar com ele.

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