quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Chá da tarde

Já nem é o inverno,
Sinto frio e tremo por dentro.
Tremo por pavor,
Tremo por esta solidão,
Tremo pelas saudades de uma vida
Helicoidal que se quer impor numa linha recta.

Talvez um chá, um chá quente
Podia aquecer esta mágoa e o vácuo
Abafado pelo som deste velho computador
Que ronrona,
Enquanto o velho índio estampado na capa do livro
Fixa-me um olhar felino.
Sim, um chá preto numa chávena vazia,
Solitária pelo vapor que escoa numa sala
Pendurada ao ar e que baloiça
Como um pêndulo gravítico,
Numa tentativa de aquecer este cantinho.

Gosto com açúcar e tu?
Já nem me lembro quando estou sozinho,
Sem a colher, o teu sorriso e o olhar inocente.
Apenas senti um friozinho neste verão,
E nem sequer estás cá,
Nem sabes a falta que faz aqui.

Crédito: inspirado neste post do Kumbukavivi de Eva Lua.

2 comentários: